Este
ano o Encontro Livreiro resolveu homenagear não só um grande
livreiro, Luís Alves Dias (1932
- 2015) da livraria Ler em Campo de Ourique, Lisboa, como também a continuidade dada ao seu
projecto pelo seu filho, Luís Alves, que herdou do pai a resistência
e dedicação aos livros, sendo,
além de livreiro, também editor.
Luís
Alves Dias começou a trabalhar em livraria na Aillaud & Lello da
Rua do Carmo quando tinha apenas 13 anos. Aí se apaixonou pelos livros e pelo trabalho de livreiro.
Foi essa, segundo palavra
suas, a sua universidade. Aí conheceu grande parte dos intelectuais
que frequentavam os meios livreiros naquele tempo. Em 1959 foi trabalhar para a Livraria do
Diário de Notícias, no Rossio,
e em 1963 integrou o grupo que fundou o Centro do Livro Brasileiro,
compatibilizando o trabalho
de livreiro com as encomendas de livros para o Brasil.
Em
Fevereiro de 1970 abre ao público a livraria Ler e aí viverá um
longo historial de luta contra a censura.
Muita gente, de muitos lados, aí acorria para comprar os livros
apreendidos que sempre soube
esconder, não sem alguns riscos.
A
Ler, que nunca deixou de ser considerada pelos moradores de Campo de
Ourique como uma livraria
de bairro, dada a proximidade com as pessoas que ali viviam, viu, com
o passar dos anos, a
sua influência espalhar-se a toda a cidade tornando-se uma livraria
de referência em Lisboa, um exemplo
de resistência e persistência a seguir. Foi também uma livraria
com um forte papel social, ajudando
muitos que não conseguiam comprar os livros a ter, ainda assim,
acesso à leitura.
Luís
Alves Dias foi um exemplo de persistência e verticalidade. A
Livraria Ler foi e continua a ser um
sinal de esperança, “uma pequenina luz bruxuleante / não na
distância / aqui no meio de nós”.
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